Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2024

A Filosofia Perene e o Tradicionalismo de R. Guénon (por Daniel Placido)

Imagem
  (Este texto aproveita trechos de um artigo que escrevi para a Revista Hermetismo)   Através da obra de Marsílio Ficino (1433-1499) surgiu, no Renascimento, em um ambiente sincrético de encontro de tradições e filosofias, a noção de “prisca theologia” (FAIVRE, 2000; IDEL, M., 2002).   Ficino, influenciado por autores platônicos como Proclo e Gemistos Plethon, considerou que existia uma teologia antiga, veiculada por sábios como Zoroastro, Hermes, Orfeu, Aglaofemo, Platão, Pitágoras, que estava fundamentalmente em acordo com o cristianismo (FICINO, 1965; FICINO, 2011 b; BLUM, 2001; PLÉTHON, 1858). Apesar de Ficino considerar que outros povos e culturas (dos druidas aos brâmanes) também receberam relampejos da verdade divina, o cristianismo tinha um papel especial dentro do coro das religiões e tradições, representando a verdade divina integral e também uma “pia philosophia” (HANEGRAAFF, 2012; HANKINS, 1990; CELENZA, 2021; EDELHEIT, 2008; MONFASANI, 2002). Analogamente, o termo Fi

Docetismo e imaginal em H. Corbin (por Daniel Placido)

Imagem
Com base na leitura de C. Jambet ( A lógica dos orientais. SP: Globo, 2006, pp. 294-297), um discípulo do filósofo e orientalista francês Henry Corbin, o docetismo consistia na crença de alguns gnósticos antigos, assim como dos maniqueus e dos cátaros, de que Jesus não teve um corpo carnal comum, porquanto ele seria dotado de uma espécie de corpo fantasmático, espiritual ou angélico e que, portanto, sua Paixão na cruz não foi algo “real” tampouco “doloroso”. Na melhor das hipóteses, foi um teatro. Justamente nesse aspecto a heresiologia católica vislumbrou no docetismo gnóstico uma negação radical e inaceitável do sofrimento redentor de Cristo assim como uma rejeição de sua natureza realmente humana-corpórea-mortal, insistindo, contra ele, na centralidade histórico-teológica da Paixão crística e da co-humanidade de Jesus. Crucifixion (Corpus Hypercubus)  (1954), de Salvador Dalí Contudo, existem sutilezas nessa discussão sobre o docetismo, e o pensamento de H. Corbin, exposto por C. J