Hino de Proclo e Hino de G. Pléthon
Selecionei nesta postagem dois hinos de caráter filosófico-espiritual. O primeiro é um hino do filósofo neoplatônico Proclo (século V EC), o qual faz parte de um conjunto de sete hinos, dedicados à deuses importantes no imaginário neoplatônico e nos quais se vê uma ressonância da teurgia. Já o outro é um hino do filósofo bizantino Gemisthos Pléthon (século XV), também de índole platônica, que faria parte de hinos e liturgias de cunho pagão presentes em sua obra “Tratado das Leis”. Curiosamente, a obra de Plethon foi influenciada por Proclo, apesar dele ter mascarado essa influência, por razões que não são muito claras (Daniel Placido).
“Salve, mãe diva, tão nomeada, de boa prole;
salve, Hécate porteira, tesa; e também tu
salve, Iano avito, imortal; salve, sumo Zeus.
Gerai um trajeto fulgente à minha existência,
repleto de bens, e bani os funestos morbos
dos membros meus; e a alma, desvairada em terra,
erguei, purgada com tais ritos espirituais.
Sim, rogo, dai-me a mão, e o caminho divino
mostrai ao desprovido. Velarei a quista luz, que é a fuga do berço vil, caliginoso.
Sim, rogo, dai-me a mão, e co’ as rajadas vossas
levai-me, que lavrei, ao porto da piedade.
Salve, mãe diva, tão nomeada, de boa prole;
salve, Hécate porteira, tesa; e também tu
salve, Iano avito, imortal; salve, sumo Zeus.”
(Hino de Hécate e Iano, Proclo, tradução de Pedro Barbieri Antunes)
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“Zeu pai
Pai de si mesmo, criador primordial
Imperador que tudo engendras, és o mais
excelso e eminente de todos os seres, todo-poderoso,
Que existe por ti mesmo, unidade pura, o bem mesmo,
Quem desde a eternidade sem limites todo
este universo engendraste, as coisas maiores por ti mesmo,
através de outras restantes
dando-lhes o maior grau de perfeição
possível que lhes cabia conceber
tem piedade de nós, salva-nos e
guia-nos também com todas as coisas
através de teus filhos sempre ilustres,
que nos confiaste...”
(Leis, III, 35, G. Plethon, tradução minha a partir de J. S. Codoñer)
Bibliografia
ANTUNES, Pedro B. Hinos de Proclo, In: Rónai; Juiz de Fora: UFJF, 2017, v. 5, n. 2, pp. 83-94
CODOÑER, Juan Signes. Jorge Gemistos Pléton. Madrid: Ediciones del Orto, 1998.
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