Dia de Mulla Sadra (por Daniel Placido)
No Irã comemora-se hoje, dia 22 de maio, o dia do grande filósofo e místico Sadra Din Muhammad Shirazi, popularmente conhecido como Mulla Sadra (1572-1640), o qual uniu a filosofia peripatética e as teosofias de Sohravardî e Ibn 'Arabî com a teologia islâmica, e desenvolveu uma teosofia original e complexa acerca da precedência metafísica da existência sobre a essência.
Sua obra aborda temas como ontologia, exegese filosófica, profetismo, escatologia, cosmologia, psicologia, hermenêutica corânica, entre outros. Apesar de seu significado especial para a cultura do Irã, ele foi um dos vultos universais do pensamento e da espiritualidade humanas, e se a gente quisesse imaginar um comparativo para a sua magnitude espiritual, seria preciso, segundo Henry Corbin, conceber uma mistura da inteligência de Tomás de Aquino com a força visionária de Jacob Boehme e Emanuel Swedenborg.
Mulla Sadra nasceu em uma família rica e influente em Shiraz na época da dinastia safávida, recebendo a melhor educação possível para uma inteligência notável como a sua, sob a tutela de mestres como Mir Damad. Foi um escritor prolífico e espírito enciclopédico; praticamente assimilou todo o conhecimento de seu tempo, da filosofia e teologia a jurisprudência, passando pela literatura. Além de sua atividade intensa como professor e intelectual, levou uma vida santa, dedicada à gnose e à ascese espiritual, tendo praticado retiros e jejuns, inclusive tendo feito a peregrinação à Meca sete vezes em uma época que isso era uma tarefa muito árdua.
Ele escreveu n' "O elixir dos gnósticos":
"Então tu, ó viajante, vira a tua face [2, 144] em direção à Ka'aba almejada,
sacrifica [108, 2] sua animalidade para procurar a proximidade de Deus e
remove do caminho que leva a ele o mal de tua existência. Separa o teu olhar
do espelho da tua própria identidade, para evitar que te tornes um associador,
um portador de duas faces. Escala e sobe testemunhando os sinais dos
horizontes e das almas, as soberanias dos paraísos e da Terra até o nível da
verdadeira unicidade e do encontro com Deus, o subsistente." (trad. de Nathalia Novaes Alves)
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