Quem foram os essênios? (por Daniel Placido)
Os essênios foram um grupo sui generis do judaísmo antigo, assim como os fariseus, saduceus e zelotes, o qual se desenvolveu aproximadamente entre os séculos 3-2 AEC e a destruição do segundo Templo de Jerusalém (70 EC), e seu desaparecimento possivelmente está relacionado aos massacres de judeus perpetrados pelos romanos.
Os essênios podem ter tido influência sobre os primeiros cristãos, já que João Batista, especula-se, teria sido um essênio ou alguém próximo do movimento. Entre as várias etimologias possíveis para a origem da palavra “essênios”, ela significaria “observadores da Torá”. Enquanto na Palestina e Síria eram conhecidos como “essênios”, no Egito seriam conhecidos como “terapeutas”. Haveria cerca de 4000 essênios espalhados pela região.
Sobre
as fontes a respeito deles, temos autores antigos como Flávio Josefo, Fílon de
Alexandria, Plínio, o velho, além de Hipólito de Roma e Eusébio de Cesareia.
Mais recentemente, no século XIX foi descoberto o Documento de Damasco e no
século XX os famosos Manuscritos do Mar Morto (1947), rolos relacionados diretamente
à comunidade essênia de Qumran.
Fonte: Wikipédia |
Existem
três teorias principais sobre a origem dos essênios, tema ainda controverso:
eles se identificariam e restringiriam à comunidade de Qumran e teriam origem
entre os hassidin do período Macabeu resistentes à helenização; eles teriam se
originado em judeus exilados na Babilônia no século VI AEC; eles teriam se originado antes do século 2 AEC
no lastro da tradição literária apocalíptica da Palestina.
Os
essênios da comunidade de Qumran poderiam ser uma vertente minoritária e mais radical dentro de um movimento maior. Eles seriam um grupo messiânico
composto por judeus que levavam uma vida virtuosa e ascética, afastada dos prazeres
mundanos e do barulho de Jerusalém, em observância estrita aos ensinamentos da
Torá. Entre eles, alguns eram celibatários. Inexistia propriedade privada, pois
até as roupas, da cor branca, eram comunitárias. Entre seus ritos, haveria um
batismo através da imersão nas águas, purificador, similar àquele praticado por
João Batista. Sua vida diária era voltada ao trabalho, refeições coletivas e
orações. Praticavam ainda um tipo de
cura não apenas somática, e sim anímica.
A
adesão ao grupo era voluntária, mas novos prosélitos só eram aceitos depois de
um tempo de preparação. Um conselho gerenciava o grupo, aplicando as normas e
sanções comunitárias.
Os
essênios já foram comparados aos filósofos pitagóricos antigos, que levavam uma
vida regrada e ascética, e aos gnósticos, mas, neste último caso, além dos
essênios não serem dualistas como os gnósticos (pois o bem e o mal não são ontologicamente
equivalentes e só existe um único Deus), eles seriam um movimento conservador
de observação estrita à Lei - apesar de separado do Templo de Jerusalém-, enquanto os gnósticos seriam mais ousados e
heterodoxos em sua filosofia e prática.
Fontes
consultadas:
CALABI, Francesca. A história do pensamento judaico-helenístico. SP: Loyola, 2013.
CARVALHO,
Nilmar de Sousa. Religiões antigas: a vida e os ensinamentos dos essênios, In: Sacrilegens,
Juiz de Fora, v. 19, n. 2, p. 44-62, jul/dez 2022, pp. 44-62
FERREIRA
NETO, Edgard Leite. Judaísmo. SP: Lafonte, 2021.
FIORILLO,
Marília. O deus exilado: breve história de uma heresia. RJ: Civilização
Brasileira, 2008.
MATTHIES,
Jonathan. A história dos essênios, 2020: https://www.youtube.com/watch?v=Bb0LT3fB3bs
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